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Rodovalho Duro
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Um moço
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Os outros galegos
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Todas as Cadeias
Por [decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 [383]] , [as corridas de touros , em [Lisboa [4]] [384]] , foram proibidas , por serem [divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas [384]] , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com [esta determinação legal [383]] sobre [as touradas [403]] de [Lisboa [4]] levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de [esta ordem implacável [383]] . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas [as situações [385]] [que [385]] [a lei [383]] deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de [três touradas , realizadas em [o Terreiro_do_Paço [25]] , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra [386]] . Os populares , diz [a crónica [388]] , em a ansiedade de não perder [este belo espectáculo [386]] , enchiam literalmente [os lugares [389]] [que [389]] lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; [almoinheiros [390]] , [rascoas [390]] , [vendilhões [390]] , [lacaios [390]] , [regatões [390]] e [marinheiros [390]] , [tudo [390]] se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de [festa [386]] tanto de o [seu [390]] agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e [o apego de [Lisboa [4]] a [as touradas [403]] [392]] . Por isso , continuamos em [a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 [394]] , [que [394]] vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota [Lisboa setecentista [4]] , correram -se as cortinas de [a tribuna real [395]] e em [ela [395]] apareceram [as pessoas reais [396]] . A multidão mal avistou [[a figura de o moço e de [sua irmã [397]] [396]] , [87]] já considerada [rainha de a Grã-Bretanha [397]] , pôs -se de pé e começou em [uma estrondosa aclamação de simpatia [398]] , reveladora de [o amor [399]] [que [399]] , então , unia [o povo a [a realeza [88]] [87]] . [A narrativa [388]] é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em [calorosa ovação [398]] . [Um moço [400]] , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de [o touro [401]] , bateu as palmas , abriu os braços , deu [-lhe [401]] terra e caiu magistralmente dentro_da [a cornadura [402]] , a [à_qual [402]] se segurou com alma , por tal forma que [a assistência [390]] [lhe [400]] tributou [a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante [123]] . A noite aproximava -se frigidíssima . [A assistência [390]] tremia com [frio [128]] , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de [lacaio [134]] ou de frade . [Este gosto lisboeta por [as touradas [403]] [392]] andou , também , ligado a uma grande predilecção de [a realeza [88]] . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos [o rei D._Pedro_II [404]] ligado apaixonadamente a [esta aficción [403]] em os pátios de [o palácio de Alcântara [405]] [123]] . [Este rei [404]] , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em [Portugal [128]] , costumava , em [o [seu [404]] paço de Alcântara [405]] , divertir -se , frequentes vezes , em o [seu [404]] exercício favorito que é correr a [cavalo [134]] , com a lança [o toiro [406]] ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a [cavalo [134]] , contra [um animal furioso [406]] , [ataca-o [406]] muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do [o touro [406]] , [agarrando-o [406]] , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi [a rainha [407]] [quem [407]] o apartou de [estes exercícios [408]] . Quando sabia que [o rei [404]] se exercitava em [uma tal coisa [408]] , metia -se imediatamente em o coche e corria a [Alcântara [123]] ; logo acabava [o divertimento [190]] . Mas [o entusiasmo de os touros [191]] bem depressa trocou [o Terreiro_do_Paço [25]] por [o jardim de a Anunciada [409]] , [que [409]] está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de [Rodovalho_Duro [410]] , em História_do_Toureio em [Portugal [128]] . [O autor [410]] reporta [este acontecimento [411]] a 1771 . E [esta [411]] seria [uma pequena etapa em a vida de [o toureio [403]] em [Lisboa [4]] [411]] , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída [a praça de touros de o Salitre [412]] . [A alma de [esta construção [412]] e [seu [412]] primeiro empresário [413]] teria sido [o boticário João_Gomes_Varela [413]] , a darmos fé a as notícias veiculadas por [mestre Matos_Sequeira [414]] , [que [414]] sendo [bom manipulador de tisanas e homem de teatro [414]] , e sobraçava [a capa de toureio de pé [231]] , viu negócio em [uma praça [415]] [onde [415]] , com permanência , fosse explorado [o gosto que [o povo de Lisboa [416]] [4]] sempre manifestou por [a festa brava [403]] [392]] . Se a origem de [esta praça [415]] é motivo de [discordância [190]] com [o escritor Eduardo_Noronha [191]] [, que [191]] reivindicou a [sua [415]] fundação a uma espécie de sindicato , a [sua [415]] arquitectura é , também , motivo de [discordância [190]] . Ainda segundo [Eduardo_Noronha [191]] , o arquitecto de [a praça [415]] copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em [Matos_Sequeira [414]] , [a praça de o Salitre [415]] aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha [camarotes [417]] , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de [eles [417]] a [a autoridade [418]] [que [418]] era , então , [o corregedor de o bairro de Remolares [418]] ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , [bancadas [276]] para [o povo [87]] miúdo . As touradas de [a praça de [o Salitre [281]] [415]] findaram -se em 1830 . Um circo calhou [-lhe [415]] como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de [esta cidade [4]] [que [4]] começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo [a velha praça [415]] , [alegre passatempo de os nossos avós [415]] . de entre os costumes de [Lisboa [4]] de o século XIX , [as toiradas [403]] ocupavam a parte primeira de o coração de [estes citadinos [416]] com os olhos fartos de Tejo . E , foi em [a Praça_do_Campo_de_Santana [231]] [que [231]] se viveram as melhores tardes de [o toureio português [421]] . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de [esta prática taurina de [a capital [4]] [384]] , [onde [4]] [o chamado bando [239]] constituía [um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha [239]] . [O bando [239]] era - no dizer de [Eduardo_Noronha [191]] - , [uma pitoresca e andrajosa cavalgada [239]] , [a charanga constituída por executantes pouco habilitados [239]] , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por [numeroso sibilante e barulhento rapazio [251]] , chamava a as janelas e portas [meia população [419]] [87]] , [que [419]] se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em [a Praça_do_Campo_de_Santana [231]] , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , [a garotada [251]] a berrar , o vendedor de [a água fresca [269]] a apregoar e [o bicho [406]] a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a [o príncipe Lichonowsky , [420]] citado por [Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa [364]] de [o Século_XIX [276]] , [que [420]] vamos aprender algumas de estas características de [o toureio português... [421]] Quando [o toiro [406]] não é bravo ou não [se [384]] interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra [ele [406]] [os galegos [281]] , ou [os pretos , [281]] [que [422]] [281]] prestam , então , um serviço análogo a o de [os cães [422]] que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de [o grito conhecido [423]] [perros [423]] , todas as vezes , que o toiro [se [385]] mostra pacífico de mais ( ... ) [A dado sinal [os galegos [281]] , ( [e não os capinhas [388]] ) [386]] lançam para [o lado [389]] [os ancinhos [293]] , ( [devem ser os forcados [293]] ) e correm sobre [o toiro [406]] ; o_que é [mais animoso posta [394]] [-se [407]] em [frente [395]] de [ele [406]] , [provoca-o [406]] e aproveita o momento em [que [398]] [o animal [406]] [se [405]] precipita , de [cabeça baixa [400]] e [olhos fechados [401]] , para [lhe [406]] saltar entre [as pontas [424]] , a [às_quais [424]] [se [406]] agarra , fortemente , deixando [-se [408]] levar , violentamente , de [rojo [409]] . [Os outros galegos [425]] lançam [-se [411]] , imediatamente , sobre [o toiro [406]] [segurando-o [406]] por as pernas , [pontas e [414]] [cauda [415]] , ou mesmo montam sobre [ele [406]] , até que [o animal [406]] , [que [406]] muitas_vezes arrasta [uma dúzia de [aqueles indivíduos [425]] [419]] , é obrigado a parar . Chama [-se [421]] [a isto [422]] agarrar [o boi [423]] a [a unha... [424]] [A literatura de [o século [276]] [XIX [276]] [425]] recolheu [o depoimento de [um cocheiro de [Lisboa [4]] [426]] , de nome [O Abafado_Velho [426]] [428]] , para caracterizar os dias de [as touradas de [Lisboa [4]] [384]] . Não falemos de as esperas de [toiros [427]] que até me cresce [água [269]] em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair [as tipóias , [428]] ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , [os carros [428]] não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era [a praça de toiros [231]] em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos [os bichos [427]] comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter [os bichos [427]] em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , [a Praça_do_Campo_de_Santana [231]] não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em [esta diversão favorita de [Lisboa [4]] [392]] . Até que em 1891 , foi a concurso público [a construção de [a actual praça [429]] em os terrenos [364]] ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . [O projecto aprovado [370]] foi [o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de [a obra [364]] a [o francês [374]] [Boussard [374]] [370]] . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio [a inauguração [382]] . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . [Os cavaleiros para [a inauguração de [a praça [429]] [430]] [382]] vieram [todos [430]] de [a antiga Praça_de_Campo_de_Santana [231]] . [Esta [382]] seria [a primeira de muitas corridas célebres de gala [382]] , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança [o toiro [406]] ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra [um animal furioso [406]] , [ataca-o [406]] muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do [o touro [406]] , [agarrando-o [406]] , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e [o bicho [406]] a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando [o toiro [406]] não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra [ele [406]] os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre [o toiro [406]] ; o_que é mais animoso posta -se em frente de [ele [406]] , [provoca-o [406]] e aproveita o momento em que [o animal [406]] se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para [lhe [406]] saltar entre as pontas , a às_quais [se [406]] agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre [o toiro [406]] [segurando-o [406]] por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre [ele [406]] , até que [o animal [406]] , [que [406]] muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em [Lisboa [4]] , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de [Lisboa [4]] levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de [Lisboa [4]] a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota [Lisboa setecentista [4]] , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em [Lisboa [4]] , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de [Lisboa [4]] sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de [esta cidade [4]] [que [4]] começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de [Lisboa [4]] de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de [a capital [4]] , [onde [4]] o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de [Lisboa [4]] , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de [Lisboa [4]] . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de [Lisboa [4]] . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em [uma praça [415]] [onde [415]] , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de [esta praça [415]] é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a [sua [415]] fundação a uma espécie de sindicato , a [sua [415]] arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de [a praça [415]] copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , [a praça de o Salitre [415]] aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de [a praça de o Salitre [415]] findaram -se em 1830 . Um circo calhou [-lhe [415]] como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo [a velha praça [415]] , [alegre passatempo de os nossos avós [415]] . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e [cauda [415]] , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; [almoinheiros [390]] , [rascoas [390]] , [vendilhões [390]] , [lacaios [390]] , [regatões [390]] e [marinheiros [390]] , [tudo [390]] se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o [seu [390]] agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que [a assistência [390]] lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . [A assistência [390]] tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava [a capa de toureio de pé [231]] , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em [a Praça_do_Campo_de_Santana [231]] [que [231]] se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em [a Praça_do_Campo_de_Santana [231]] , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era [a praça de toiros [231]] em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , [a Praça_do_Campo_de_Santana [231]] não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de [a antiga Praça_de_Campo_de_Santana [231]] . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre [as touradas [403]] de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a [as touradas [403]] . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por [as touradas [403]] andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a [esta aficción [403]] em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de [o toureio [403]] em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por [a festa brava [403]] . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , [as toiradas [403]] ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas [o entusiasmo de os touros [191]] bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com [o escritor Eduardo_Noronha [191]] [, que [191]] reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo [Eduardo_Noronha [191]] , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de [Eduardo_Noronha [191]] - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde [o chamado bando [239]] constituía [um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha [239]] . [O bando [239]] era - no dizer de Eduardo_Noronha - , [uma pitoresca e andrajosa cavalgada [239]] , [a charanga constituída por executantes pouco habilitados [239]] , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de [o Salitre [281]] findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele [os galegos [281]] , ou [os pretos , [281]] [que [281]] prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal [os galegos [281]] , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , [as corridas de touros , em Lisboa [384]] , foram proibidas , por serem [divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas [384]] , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de [esta prática taurina de a capital [384]] , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não [se [384]] interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de [as touradas de Lisboa [384]] . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos [o rei D._Pedro_II [404]] ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . [Este rei [404]] , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o [seu [404]] paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o [seu [404]] exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que [o rei [404]] se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por [mestre Matos_Sequeira [414]] , [que [414]] sendo [bom manipulador de tisanas e homem de teatro [414]] , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em [Matos_Sequeira [414]] , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , [pontas e [414]] cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou [a figura de o moço e de sua irmã , [87]] já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia [o povo a a realeza [87]] . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para [o povo [87]] miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia [população [87]] , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , [bancadas [276]] para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de [o Século_XIX [276]] , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de [o século [276]] [XIX [276]] recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio [a inauguração [382]] . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para [a inauguração de a praça [382]] vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . [Esta [382]] seria [a primeira de muitas corridas célebres de gala [382]] , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por [decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 [383]] , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com [esta determinação legal [383]] sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de [esta ordem implacável [383]] . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que [a lei [383]] deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de [três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra [386]] . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder [este belo espectáculo [386]] , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de [festa [386]] tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) [A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) [386]] lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e [o apego de Lisboa a as touradas [392]] . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . [Este gosto lisboeta por as touradas [392]] andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado [o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava [392]] . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em [esta diversão favorita de Lisboa [392]] . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta [este acontecimento [411]] a 1771 . E [esta [411]] seria [uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa [411]] , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam [-se [411]] , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou [a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante [123]] . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de [Alcântara [123]] . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a [Alcântara [123]] ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com [frio [128]] , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em [Portugal [128]] , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em [Portugal [128]] . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de [lacaio [134]] ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a [cavalo [134]] , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a [cavalo [134]] , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava [o divertimento [190]] . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de [discordância [190]] com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de [discordância [190]] . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por [Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa [364]] de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público [a construção de a actual praça em os terrenos [364]] ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de [a obra [364]] a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas [as situações [385]] [que [385]] a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro [se [385]] mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz [a crónica [388]] , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . [A narrativa [388]] é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( [e não os capinhas [388]] ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente [os lugares [389]] [que [389]] lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para [o lado [389]] os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em [a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 [394]] , [que [394]] vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é [mais animoso posta [394]] -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de [a tribuna real [395]] e em [ela [395]] apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em [frente [395]] de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em [uma estrondosa aclamação de simpatia [398]] , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em [calorosa ovação [398]] . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em [que [398]] o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . [Um moço [400]] , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência [lhe [400]] tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de [cabeça baixa [400]] e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de [o touro [401]] , bateu as palmas , abriu os braços , deu [-lhe [401]] terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e [olhos fechados [401]] , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de [o palácio de Alcântara [405]] . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em [o seu paço de Alcântara [405]] , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal [se [405]] precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi [a rainha [407]] [quem [407]] o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta [-se [407]] em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de [estes exercícios [408]] . Quando sabia que o rei se exercitava em [uma tal coisa [408]] , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando [-se [408]] levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por [o jardim de a Anunciada [409]] , [que [409]] está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de [rojo [409]] . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída [a praça de touros de o Salitre [412]] . A alma de [esta construção [412]] e [seu [412]] primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a [a autoridade [418]] [que [418]] era , então , [o corregedor de o bairro de Remolares [418]] ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas [meia população [419]] , [que [419]] se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta [uma dúzia de aqueles indivíduos [419]] , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de [o toureio português [421]] . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de [o toureio português... [421]] Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama [-se [421]] a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , [que [422]] prestam , então , um serviço análogo a o de [os cães [422]] que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se [a isto [422]] agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de [o grito conhecido [423]] [perros [423]] , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar [o boi [423]] a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre [as pontas [424]] , a [às_quais [424]] se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a [a unha... [424]] A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . [Os outros galegos [425]] lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de [aqueles indivíduos [425]] , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... [A literatura de o século XIX [425]] recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de [toiros [427]] que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos [os bichos [427]] comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter [os bichos [427]] em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu [o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho [428]] , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair [as tipóias , [428]] ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , [os carros [428]] não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em [o Terreiro_do_Paço [25]] , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou [o Terreiro_do_Paço [25]] por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a [a realeza [88]] . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de [a realeza [88]] . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por [numeroso sibilante e barulhento rapazio [251]] , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , [a garotada [251]] a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de [a água fresca [269]] a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce [água [269]] em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado [os ancinhos [293]] , ( [devem ser os forcados [293]] ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . [O projecto aprovado [370]] foi [o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard [370]] . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a [o francês [374]] [Boussard [374]] . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram [as pessoas reais [396]] . A multidão mal avistou [a figura de o moço e de sua irmã [396]] , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de [sua irmã [397]] , já considerada [rainha de a Grã-Bretanha [397]] , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de [o amor [399]] [que [399]] , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da [a cornadura [402]] , a [à_qual [402]] se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de [Rodovalho_Duro [410]] , em História_do_Toureio em Portugal . [O autor [410]] reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . [A alma de esta construção e seu primeiro empresário [413]] teria sido [o boticário João_Gomes_Varela [413]] , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que [o povo de Lisboa [416]] sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de [estes citadinos [416]] com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha [camarotes [417]] , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de [eles [417]] a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a [o príncipe Lichonowsky , [420]] citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , [que [420]] vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de [um cocheiro de Lisboa [426]] , de nome [O Abafado_Velho [426]] , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de a praça vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de [a actual praça [429]] em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . Os cavaleiros para a inauguração de [a praça [429]] vieram todos de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .
Por decreto de Manuel_da_Silva_Passos , de 19 de Setembro de 1836 , as corridas de touros , em Lisboa , foram proibidas , por serem divertimento bárbaro e impróprio de as nações civilizadas , servindo só para habituar os homens a o crime e a a ferocidade . O confronto com esta determinação legal sobre as touradas de Lisboa levou -me , quase sem dar por isso , a uma caminhada em o passado de o tempo para conhecer , por a Imprensa , as razões últimas de esta ordem implacável . Os textos encontrados nem sempre serão os mais convincentes nem as mais críticas as situações que a lei deseja extirpar . Mas vamos a o que interessa . Encontrámos a menção de três touradas , realizadas em o Terreiro_do_Paço , em Outubro de 1661 , por ocasião de o casamento de D._Catarina de Bragança com Carlos I de Inglaterra . Os populares , diz a crónica , em a ansiedade de não perder este belo espectáculo , enchiam literalmente os lugares que lhes estavam reservados . Mariolas de a Ribeira acamaradavam com a saloiada de as hortas de Loures e de Belas ; almoinheiros , rascoas , vendilhões , lacaios , regatões e marinheiros , tudo se acotovelava , se comprimia , ria , chalaceava , em o desejo de gozar bem o dia e de não perder o mais pequeno episódio de festa tanto de o seu agrado . Esta descrição revela , em o seu pormenor , os hábitos e o apego de Lisboa a as touradas . Por isso , continuamos em a citação de o Arquivo_Alfacinha , de 1953 , que vinhamos fazendo . Pouco depois de bater o meio-dia em a torre de o relógio de o Paço e em os numerosos campanários de a devota Lisboa setecentista , correram -se as cortinas de a tribuna real e em ela apareceram as pessoas reais . A multidão mal avistou a figura de o moço e de sua irmã , já considerada rainha de a Grã-Bretanha , pôs -se de pé e começou em uma estrondosa aclamação de simpatia , reveladora de o amor que , então , unia o povo a a realeza . A narrativa é longa . Mas não resistimos , para terminar , de transcrever uma cena para retratar o comportamento de os populares em calorosa ovação . Um moço , vendo o fracasso de o ferro , avançou , destemido , a o encontro de o touro , bateu as palmas , abriu os braços , deu -lhe terra e caiu magistralmente dentro_da a cornadura , a à_qual se segurou com alma , por tal forma que a assistência lhe tributou a mais calorosa de as ovações de essa tarde distante . A noite aproximava -se frigidíssima . A assistência tremia com frio , mas , até a o derradeiro touro , ninguém arredou pé , quer se tratasse de fidalgo , de lacaio ou de frade . Este gosto lisboeta por as touradas andou , também , ligado a uma grande predilecção de a realeza . Assim , em o segundo quartel de o século XVII , aparece -nos o rei D._Pedro_II ligado apaixonadamente a esta aficción em os pátios de o palácio de Alcântara . Este rei , escreve -nos Aires de Sá em Touradas em Portugal , costumava , em o seu paço de Alcântara , divertir -se , frequentes vezes , em o seu exercício favorito que é correr a cavalo , com a lança o toiro ; fazendo isto com destreza e acerto admiráveis . Não se contenta com expor -se a cavalo , contra um animal furioso , ataca-o muitas vezes a pé ( ... ) . Vê -se , em estes recontros , a primeira nobreza apressada , em_volta_do o touro , agarrando-o , cada_um por_onde pode , por os cornos , por o cachaço , por o rabo . Foi a rainha quem o apartou de estes exercícios . Quando sabia que o rei se exercitava em uma tal coisa , metia -se imediatamente em o coche e corria a Alcântara ; logo acabava o divertimento . Mas o entusiasmo de os touros bem depressa trocou o Terreiro_do_Paço por o jardim de a Anunciada , que está entulhado , de sorte que a praça fica quase em o pavimento de as casas de o conde de Castelo_Melhor , segundo dados de Rodovalho_Duro , em História_do_Toureio em Portugal . O autor reporta este acontecimento a 1771 . E esta seria uma pequena etapa em a vida de o toureio em Lisboa , porque , entre 1777 a 1780 , seria construída a praça de touros de o Salitre . A alma de esta construção e seu primeiro empresário teria sido o boticário João_Gomes_Varela , a darmos fé a as notícias veiculadas por mestre Matos_Sequeira , que sendo bom manipulador de tisanas e homem de teatro , e sobraçava a capa de toureio de pé , viu negócio em uma praça onde , com permanência , fosse explorado o gosto que o povo de Lisboa sempre manifestou por a festa brava . Se a origem de esta praça é motivo de discordância com o escritor Eduardo_Noronha , que reivindicou a sua fundação a uma espécie de sindicato , a sua arquitectura é , também , motivo de discordância . Ainda segundo Eduardo_Noronha , o arquitecto de a praça copiara-o , fielmente , de a velha praça de Madrid , circular e ampla , mas , em Matos_Sequeira , a praça de o Salitre aparece sobre um quadrado . De um lado de o anfiteatro tinha camarotes , para os aficionados de cotação social , destinando -se um de eles a a autoridade que era , então , o corregedor de o bairro de Remolares ; de o outro lado , lugares de sobra . Em toda a volta , bancadas para o povo miúdo . As touradas de a praça de o Salitre findaram -se em 1830 . Um circo calhou -lhe como herança de a morte . E em 1879 , imperioso o destino de esta cidade que começava a crescer a_partir_do o início de a Avenida_da_Liberdade , deitaram abaixo a velha praça , alegre passatempo de os nossos avós . de entre os costumes de Lisboa de o século XIX , as toiradas ocupavam a parte primeira de o coração de estes citadinos com os olhos fartos de Tejo . E , foi em a Praça_do_Campo_de_Santana que se viveram as melhores tardes de o toureio português . E são os testemunhos escritos de a época que nos poderão guiar em o conhecimento de esta prática taurina de a capital , onde o chamado bando constituía um elemento curiosíssimo e indispensável para preparar uma praça a a cunha . O bando era - no dizer de Eduardo_Noronha - , uma pitoresca e andrajosa cavalgada , a charanga constituída por executantes pouco habilitados , a tocarem os instrumentos cheios de amolgadelas , músicas desafinadas , mas clamorosas , acompanhada por numeroso sibilante e barulhento rapazio , chamava a as janelas e portas meia população , que se apressava a correr para a corrida de o dia seguinte ( ... ) Quando se ouve , fantasiam -se , entrevêem -se , as variadas peripécias de uma boa tarde de toiros em a Praça_do_Campo_de_Santana , com o céu azul a desdobrar -se por_cima_da a concorrência , o sol a afoguear o rosto de os circunstantes , a garotada a berrar , o vendedor de a água fresca a apregoar e o bicho a sair de a gaiola irritado , furioso fumegando por as ventas , pulando como uma corça em roda de a arena em um turbilhão de poeira . E é a o príncipe Lichonowsky , citado por Francisco_Câncio_in_Aspectos_de_Lisboa de o Século_XIX , que vamos aprender algumas de estas características de o toureio português... Quando o toiro não é bravo ou não se interessa por o combate , ou quando já tem sido muito acossado , são lançados contra ele os galegos , ou os pretos , que prestam , então , um serviço análogo a o de os cães que o povo espanhol costuma pedir , com instância , por meio de o grito conhecido perros , todas as vezes , que o toiro se mostra pacífico de mais ( ... ) A dado sinal os galegos , ( e não os capinhas ) lançam para o lado os ancinhos , ( devem ser os forcados ) e correm sobre o toiro ; o_que é mais animoso posta -se em frente de ele , provoca-o e aproveita o momento em que o animal se precipita , de cabeça baixa e olhos fechados , para lhe saltar entre as pontas , a às_quais se agarra , fortemente , deixando -se levar , violentamente , de rojo . Os outros galegos lançam -se , imediatamente , sobre o toiro segurando-o por as pernas , pontas e cauda , ou mesmo montam sobre ele , até que o animal , que muitas_vezes arrasta uma dúzia de aqueles indivíduos , é obrigado a parar . Chama -se a isto agarrar o boi a a unha... A literatura de o século XIX recolheu o depoimento de um cocheiro de Lisboa , de nome O Abafado_Velho , para caracterizar os dias de as touradas de Lisboa . Não falemos de as esperas de toiros que até me cresce água em a boca ! Que vida... Aí por as oito e meia de a noite , começavam a sair as tipóias , ajoujadas de fidalgos e mulherio . Era uma pândega rasgada . em esse tempo , os carros não tinham travões , mas nós subíamos e descíamos , quase a voar , a Calçada_do_Moinho de o Vento , que vai dar a o Campo de Santana , onde , então , era a praça de toiros em o mesmo sítio onde está a Escola_de_Medicina . Quando chegávamos a a Calçada_da_Carriche , quase sempre passava de a meia-noite . Ali esperávamos os bichos comendo e bebendo . Havia descantes , gargalhadas e a sua pinga a mais... Homens e mulheres cantavam , os campinos corriam para meter os bichos em ordem e tudo aquilo seguia com uma alegria tão grande , que os senhores não podem fazer ideia ! Velha e em ruínas , a Praça_do_Campo_de_Santana não podia conhecer outra sorte que a demolição . Abriu -se , de este modo , um interregno em esta diversão favorita de Lisboa . Até que em 1891 , foi a concurso público a construção de a actual praça em os terrenos ainda desertos de o Campo_Pequeno , por iniciativa de a Empresa_Tauromáquica_Lisbonense . O projecto aprovado foi o de a autoria de o arquitecto António_Dias_da_Silva com a adjudicação de a obra a o francês Boussard . Os trabalhos iniciaram -se em Agosto de 1891 , com os alicerces para um redondel de 36 metros de diâmetro e lotação prevista para oito mil pessoas . Passado um ano , veio a inauguração . em o revestimento exterior , optou -se por o tijolo vermelho , em estilo árabe , embora com quatro torreões turcos . [Os cavaleiros para a inauguração de a praça [430]] vieram [todos [430]] de a antiga Praça_de_Campo_de_Santana . Esta seria a primeira de muitas corridas célebres de gala , com especial destaque para as realizadas em as visitas de o rei Eduardo_VII_de_Inglaterra_e_Afonso_XIII , as de o Clube_Tauromáquico , Assistência_Nacional_aos_Tuberculosos e de a Casa_da_Imprensa .